Aliando nossa perspectiva de combate ao preconceito religioso e étnico, focamos no tema do antirracismo com a realização da exibição de filmes da 3ª Mostra de Cinema: Democracia e Antirracismo, em Aracaju, ampliando-se o escopo também pra cidade de Laranjeiras, cidade potencialmente negra, como uma oportunidade de descolonizar o olhar e promoção dessas ações interiorizadas. Da perspectiva do racismo estrutural – quando as práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais inferiorizam e prejudicam sistematicamente um grupo social ou étnico em benefício de outro, e isso baliza o funcionamento de uma sociedade –, as ordens imaginárias não escapam da lógica de dominação. A repetição de imagens – no cinema, na mídia, nas redes - muitas vezes torna familiar e naturaliza concepções que ajudam a construir, apoiam e mantêm opressões como racismo, sexismo, estigmatização de grupos historicamente discriminados e exterminados pela dominação de matriz colonial, que persiste no mundo globalizado de hoje. O cinema pode ser uma ferramenta de combate e romper com esses modelos hegemônicos de ver, pensar e representar o outro dentro de uma lógica de opressão. Ver-se em outra perspectiva, imaginar-se, descrever-se e reinventar-se pelo cinema é uma forma de descolonizar imaginários, interrogar as matrizes de representação opressoras e criar estratégias para a construção de outras, que em vez de reduzir, multiplicam as possibilidades de existência na ideia de diversidade. Se na primeira oportunidade demos prioridade ao eixo temático Racismo religioso, desta vez, focaremos na árvore da memória: busca da ancestralidade e combate ao apagamento e à invisibilidade, evocando novas vozes e narrativas. O apagamento generalizado – linguístico, estético, cultural – é uma forma de genocídio, chamada de epistemicídio (Sueli Carneiro, Boaventura de Sousa Santos utilizam o termo para explicar o processo de invisibilização e ocultação das contribuições culturais e sociais não assimiladas pelo pensamento ocidental. Abdias do Nascimento - escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista dos direitos civis das populações negras brasileiras – refere-se a esse processo como embranquecimento cultural ou a outra estratégia do genocídio. O epistemicídio é fruto de uma estrutura social fundada no colonialismo europeu e no contexto de dominação imperialista sobre outros povos. É com esse propósito de olhar para a importância da memória dessa cultura tradicional e sua visibilidade, como instrumento democrático e antirracista, que apresentamos essa proposta. Nosso intuito é dar voz e visibilidade às narrativas de nossas tradições locais e afro-brasileiras através dos filmes a serem exibidos assim como de todas as atividades propostas. Estamos dispondo à população sergipana, a 3ª Mostra de Cinema, Democracia e Antirracismo que tem o incentivo da FUNCAP Sergipe / Governo do Estado de Sergipe, Lei Paulo Gustavo e apoio Ministério da Cultura / Governo Federal e Terreiro Centro São Lázaro.
PROGRAMAÇÃO
05/11/2024 – mostra de curtas sergipanos - 17h10 - Cinema Vitória Conexão entre mundos. Dir. Wagner Mazzega. SE. 2022. 21 min.Livre
Um diretor recebe um recado de um Guia espiritual para investigar e preservar práticas ancestrais e fundamentais na conexão direta entre os mundos.
A História Invisível de Mãe Bilina de Laicó. Dir. Danilo Felipe. SE. 2024. 5 min. Livre Ancestralidade, invisbilidade e memória. A História de Mãe Bilina Laicó.
Roda de Conversa
06/11/2024 – 17h - mostra de curtas sergipanos – Cinema Vitória
Terra Prometida. Dir. Marcelo Roque Belarmino. Documentário. SE. 2024. 19min 40 seg. Livre
O filme retrata a luta da comunidade pela conquista de sua moradia. A partir da ocupação de um terreno do Estado, iniciou-se uma batalha social e jurídica. O que antes era apenas um terreno agora se transformou em casas, formando uma comunidade que se constituiu ao longo dos últimos 10 anos.
21/11/2024 – 14h30 - Mostra de curtas sergipanos e infantis acessíveis – Cinema Vitória. (45min)
Ser Antirracista | No mundo da consciência negra . Pé de Moleque Filmes. 4min 02seg
Ser antirracista é agir contra os conflitos causados pelo racismo, com colaboração. Ao colaborar, os brancos antirracistas devem procurar trabalhar com a outra pessoa (o cidadão negro), para encontrar uma solução que satisfaça plenamente os interesses das
Meu nome é Maalum. Pé de Moleque Filmes. RJ. Animação. 2022. 8 min. Livre
Maalum é uma menina negra brasileira que nasce e cresce em um lar rodeado de amor e de referências afrocentradas
Espelho. Dir. Luciana Oliveira. Experimental. SE. 2022. 18 min. Livre
Esperanza vivencia uma profunda confusão interna e psicológica. Na beira do rio segue um caminho para encontrar consigo mesma e sua espiritualidade.
Aurora: Dir. Everlane Moraes. Cuba|2018 | pb | 15 min. 12 anos
Aurora é um ensaio cinematográfico que parte da premissa: teatro como palco da vida. A história inclui três mulheres de diferentes idades que reinterpretam seus próprios conflitos no palco de um teatro abandonado.
Homenagem Especial à Everlane Moraes + Roda de Conversa.
22/11/2024 – LARANJEIRAS – 18h30
– Mostra de curta e longa – Praça da Matriz
Curta: Ser Antirracista | No mundo da consciência negra . 4min 02seg
Longa: Othelo, O Grande. Dir. Lucas H. Rossi dos Santos. Doc, BR, 2023. 83 min, 12 anos;
(com acessibilidade – audiodescrição, libras e legendagem descritiva – Aplicativo PingPlay)
O documentário retoma a vida e a obra do ator e comediante brasileiro Sebastião Bernardes de Souza Prata (1915-1993), conhecido como Grande Othelo. Neto de escravos, de origem humilde, ele mudou de vida ao se destacar na carreira —um grande feito para um ator negro na primeira metade do século 20—, trabalhando com cineastas como Orson Welles, Joaquim Pedro de Andrade, Werner Herzog, Júlio Bressane e Nelson Pereira dos Santos. Através do trabalho em frente às câmeras, Othelo falou sobre o racismo que o assombrou por 80 anos, duas ditaduras e mais de uma centena de filmes.
03/12/2024 – LARANJEIRAS – 18h30 Curta: Receita de Vó. Dir. Carlon Hardt - Stop Motion - 03'10” - 2024 - Curitiba/PR. Livre ‘Minha vó dizia: menina, não chora as pitanga. Cê não queria? Então chupa essa manga!’. “Receita de Vó” nos leva ao quentinho da casa da vó, onde comidas cantam e dançam ao som do mundo mágico do Hip Hop. Gostosinho!
Longa: Maputo Nakuzandza. Dir. Ariadine Zampaulo. Doc. Moçambique. 2023. 71 min. 12 anos (Com acessibilidade – libras, audiodescrição, e legendas descritivas - aplicativo Greta) Um dia em Maputo, capital de Moçambique. A observação de fragmentos da vida de diferentes personagens se mistura com os sons de uma rádio local.